Enquanto Martinho Lutero estava tendo sua
Bíblia impressa em alemão, a filha do impressor encontrou o amor de Deus.
Ninguém havia falado sobre Jesus para ela. Com relação a Deus ela não tinha
nenhuma emoção a não ser medo. Um dia, ela juntou pedaços das Escrituras que
haviam caído no chão. Em um papel ela encontrou as palavras: “Pois Deus amava tanto o mundo,
que deu...”. O resto do verso ainda não havia sido impresso. Ainda
assim o que ela viu foi o suficiente para comovê- La. A ideia de que Deus
poderia dar alguma coisa levou- a do medo para a alegria. A mãe dela notou uma
mudança em sua atitude. Quando questionada sobre o motivo de sua felicidade, a
filha entregou o pedaço amassado que continha parte do verso de seu bolso. A mãe leu e perguntou: “O que ele deu?” A
criança ficou perplexa por um momento e então respondeu: “Eu não sei. Mas se
ele nos amou tanto a ponto de nos dar alguma coisa, não devemos ter medo dele”.
Deus nos amou tanto que nos deu um Rei, Seu próprio Filho, Jesus Cristo.
Ele sentiu tanto a dor da injustiça de Deus, quando saiu para levar sobre Si a
total maldição do pecado e, assim, receber a maldição de Deus. Cabia- Lhe
morrer numa cruz, e “maldito todo aquele que for pendurado numa arvore”. (Gálatas 3: 13).
A
santidade de Deus requeria um sacrifício livre de pecados, o único sacrifício livre
de pecados era seu Filho. E uma vez que o amor de Deus nunca falha, para pagar
o preço ele o fez. Deus amou tanto o mundo que nos deu um amor infalível, seu
nome é Jesus Cristo.
Era
prática comum expor um quadro com a lista de crimes cometidos pela pessoa
condenada à crucificação. Pilatos mandou colocar este “titulo” acima da cabeça
de Cristo: “Jesus Nazareno, Rei dos
Judeus”. Com isso ele, deliberadamente, zombou dos judeus. Ele não estava
interessado em ultrajar o crucificado, que ele sabia que era inocente, mas sim
insultar os judeus. O letreiro que mandou colocar repetia suas próprias palavras:
“Crucificarei o vosso Rei?”, e os judeus se sentiram imediatamente feridos
profundamente pelo calculado insulto do governador. Pilatos tinha despejado
todo desdém e sarcasmos de que era capaz naquela inscrição. Praticamente ele
estava dizendo: “Vejam vocês, judeus, ai está o vosso rei!” Que rei! Esta
figura abatida de tanto apanhar, sangrando, crucificada. Não é difícil imaginar
o sorriso sardônico e o riso cruel de Pilatos quando leu inscrição que mandará
fazer: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus!”. INRI: Iesus Nazarenus Rex
Iudaeorum. “Então entregou- lho, para que fosse crucifido”. (João 19: 12, 15, 16).
Nos
bastidores os saldados tiveram sua diversão com o prisioneiro. Como ouviram que
Ele se dizia rei, vestiram- no com uma veste de púrpura, possivelmente o manto
vermelho de um soldado, fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em Sua
cabeça, e puseram uma cana em Sua mão direita, como se fosse um cetro. E
continuaram essa paródia, inclinando- se diante dEle, em zombaria mesura, e
dizendo: “Salve, Rei dos judeus”, batendo nEle, cuspindo nEle e surrando Sua
cabeça com a dura cana que servira de cetro”. (Mateus 27: 28- 30). A
zombaria dirigida mais à nação judaica, desprezada pelos romanos, do que
pessoalmente a Cristo. Mas isso não diminui o sofrimento e o caráter abusivo
resultantes desta brincadeira terrivelmente rude. A tradução de João 19:
5 na versão do King James aponta para o momento dramático em que Cristo
foi levado para fora para que todos o vissem: “Então Jesus saiu para fora,
usando a coroa de espinhos”. Esse triste espetáculo deixou indelével
marca, para sempre, na mente de João.
Deus
amou o mundo de tal maneira, que deu a si mesmo. “Cristo amou- nos e se entregou
por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus”. (Efésios 5: 2).
Lá
estava o Rei dos judeus com uma coroa de espinho na cabeça, rosto ferido,
inflamado e sangrando. Ele estava só. “sem amigos, abandonado, traído por todos”.
Aquela coroa simbolizava o que o homem pecador pensa de Cristo. Ele não deveria
ser levado a sério. Ele só servia para atuar numa peça de teatro! Fizeram dEle
um rei do carnaval, e Lhe puseram a
estampa do ridículo. Com a veste ridícula, a cana como cetro e a coroa de
espinhos, fizeram- no parecer uma figura teatral. A ignominiosa coroa de
espinhos tecida pelas mãos dos homens e colocada sobre a fronte do Salvador,
assim o homem avalia Cristo.
Pode
bem ser que os cristãos se perturbem e se comovam diante desta cena. Não assim
a multidão que estava do lado de fora do palácio de Pilatos. Quando Pilatos
apontou para aquela figura surrada que sangrava, e disse “Eis o Homem!”, esperava ver alguma piedade, alguma compaixão, mas
em vão. Ao contrario, o que eles viram só serviu para fortalecer o seu desejo
de sangue e um coro ensurdecedor: “Crucifica! Crucifica!”. Bem típico do homem
sem Deus, dias antes eles saudavam o Salvador com gritos: Hosana! Hosana! “Os
reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra o Senhor
e contra o seu ungido, dizendo: rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós
as suas cordas”. (Salmos 2: 2, 3).
O
Santo de Israel os tinha exposto, os tinha desmascarado, os tinha condenado, os
tinha condenado, e eles se voltaram contra Ele com maligno ódio e com um
consumidor desejo de destruí- ló. Não queriam dar glória nenhuma a Jesus,
nenhuma honra nada senão vergonha e desprezo. A coroa de espinhos agradou- os muitíssimo. Herodes
queria um show, Pilatos só queria terminar logo com aquilo, os soldados queriam
sangue e os religiosos à crucificação.
“Deus amou o mundo de tal maneira que...”. Perdoou
seus filhos sem abaixar seus padrões. Ele colocou nossos pecados em seu Filho e
os puniu nEle. “[Aquele] que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que,
nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. (2 Coríntios 5: 21).
A
coroa de espinhos foi colocada ali pela mão de Deus como pela do homem. A cruz
era de Deus, como também do homem. Oh, como poderemos entender o amor de Deus?
Que amor é esse? “excede todo conhecimento”. (Efésios 3: 19). Embora não somos
capazes de medir esse amor, podemos confiar totalmente nele.
Se
havemos de receber a coroa da vida, Cristo deve receber, necessariamente, a
coroa de espinhos. Somente com a coroa de espinhos ele pode dizer ao ladrão
moribundo: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Somente com a coroa de espinhos
Ele pode dizer a uma Madalena ou um publicano: “Vai- te em az, são- te
perdoados os teus pecados”. Deus ama você. O Filho de Deus morreu por você, e é
com Sua diadema de espinho que Ele desce tanto em Sua humilhação, vergonha e
tristeza que pode buscar e salvar pecadores. “Bem- aventurado o homem que
suporta a provação, porque depois de ter passado na prova, porque depois de ter
passado na prova, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o
amam”. (Tiago 1: 12).
Somente pelo agudo espinho do seu sofrimento é que o venenoso espinho do
nosso pecado é extraído. Noutras palavras, sem a cruz Deus não pode perdoar o
pecado. A coroa de espinhos nos faz lembrar que Jesus é Rei, e que é vitorioso,
mesmo quando parece derrotado. Por mais rebaixado que Cristo possa parecer aos
homens, Ele continua sendo Rei. Ele realiza uma obra real no Calvário e conquista
para nós um perdão real. Ele ascende a um trono quando vai ser crucificado, o
trono da graça. Nessa aparente fraqueza Ele é o poderoso vencedor sobre
satanás, sobre o pecado e sobre a morte; Ele é o dominador deste mundo. A cruz
parece uma loucura para o mundo, mas para o povo de Deus redimido a cruz de
Cristo é vitoria, é salvação, é o poder de Deus. “E, quando se manifestar o sumo
Pastor, recebereis a imarcescível coroa de glória”. (Tiago 5: 4).
A fronte que uma vez teve sobre si a cruel
coroa de espinhos, agora vê- se adornada com o diadema do universo, pois toda a
autoridade no céu e na terra foi dada a Cristo. O Filho de Deus tornou- se o
Cordeiro de Deus, a cruz tornou- se o altar, e nós fomos “santificados pela oblação do
corpo de Jesus cristo, feita uma vez”. (Hebreus 10: 10).
Somente
quando observamos a cruz de Cristo, e que podemos ouvir Deus nos assegurar: “Eu
te amo”. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João
3: 16). Deus enviou o Seu próprio Filho como sacrifício vivo, após o sacrifício
de Cristo não houve mais necessidade de derramamento de sangue. “Nem
por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário,
havendo efetuado uma eterna redenção”. (Hebreus 9: 12).
Fora das portas! Um rejeitado no universo de Deus! Nenhum lugar de
repouso, nenhum santuário! Mas não por muito tempo. Logo as portas do céu se
abriram de par em par para Cristo, o guerreiro e Rei dos Reis e Senhor dos
Senhores. “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai- vos, ó entradas
eternas, e entrará o Rei da Glória”. (Salmos 24: 7). Pastor Elias Fortes.